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Guaíra, São Paulo, Brazil
Assistente Social com pós graduação em Intervenção Familiar com crianças e adolescentes e Enfrentamento a violência contra crianças e adolescentes. Experiência em conselhos de direitos e de assistência social. Atividades profissionais com atuação em família, acolhimento familiar e violência doméstica. De Janeiro/2011 a abril/2012 atuação com convênios, monitoramento e avaliação de Projetos/Programas/Serviços da Assistência Social. De maio/2012 a dezembro/2012 diretora de Assistência Social do Município de Guaíra.

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Ética e Moral: onde estão os homens?

A palavra ética tem origem grega, vem de Ethos e significa modo de ser, caráter. Ética é a teoria do agir humano. O conceito de moral vem do latim (Mos, Moris), e significa costume, maneira de comportar, modo de proceder, assim sendo uso e costume. É um conjunto de normas destinadas a regular as relações dos indivíduos numa comunidade social determinada, vale para todos os homens, em qualquer situação histórica. O bom agir, a prática.
A ética não cria moral, mas a moral supõe determinados princípios, normas ou regras de comportamento. A ética é uma ciência, uma teoria que investiga ou explica um tipo de comportamento dos homens, sendo considerado a totalidade, a diversidade e a variedade. É uma reflexão teórica do agir.
A moral deve libertar o homem, mas não deve ser imposta ou mecanizada, mas devem ser normas aceitas pelo grupo, sendo necessário que essa se encontre com a dignidade. O critério de moralidade é a dignidade da vida humana, portanto ter assegurado boa alimentação, habitação adequada, educação e segurança social. Direitos esses naturais e inalienáveis do homem. Sob a ótica atual a ética é envolvida pelo valor do ter e não a do ser, enquanto valoriza a pessoa humana, vive contraditoriamente sobre as crueldades do mundo capitalista.
As temáticas abordadas por essa análise salientam o valor que está ligado à conduta do homem, e principalmente por sua conduta moral. Tudo possui um valor, o valor econômico, vê o homem como objeto de uso e troca, uma mercadoria, que vende sua força de trabalho para ter atendida as suas necessidades de sobrevivência.
O mundo capitalista compra, vende, extrai mais-valia, o lucro, o dinheiro dita as regras, o individualismo, o egoísmo, a hipocrisia, o hedonismo e o cinismo estabelecem as relações sociais. Essa é a vestimenta do cruel sistema capitalista, que massacra e povoa a exclusão e a desigualdade, vivemos a opressão social.
A contribuição da mídia para a aceitação dos fatores como padrão de beleza e o consumismo provocam o hedonismo, a busca pelo prazer imediato e o narcisismo, a loucura pelo poder e o fracassar é uma dor que não pode ser amenizada. Esses mecanismos condicionantes ao consumo em massa não garantem a cidadania. Então como ficam os direitos? E como ficam as relações sociais? Qual o papel e a função social do homem? Será que esse homem desumanizado tem consciência do outro e de si mesmo?
A intervenção nessa realidade deve se voltar para a questão de sermos iguais, perante a lei, sem discriminação de raça, credo ou cor, o direito e o domínio de seu corpo, um salário que garanta à vida, a saúde, a educação, o lazer, a habitação, a liberdade de expressão, os direitos. Através desses direitos é preciso esclarecer que a responsabilidade é em conjunto pela coletividade. Esses direitos de dividem entre civis, políticos e sociais, e a co-relação dos mesmos trabalha a sua efetivação e para um exercício real da cidadania, o homem deve ser ativo e participativo. A cidadania é um instrumento para a construção de um mundo melhor, a partir da busca e da descoberta da tomada de consciência dos direitos, portanto, é um processo continuo, e vivido no dia a dia.
O conceito de responsabilidade está ligado à liberdade, assim sendo, uma ação de responder por atos praticados, de justificar razões dos próprios atos. O progresso moral está ligado ao conceito de responsabilidade das pessoas ou grupos sociais em seu comportamento moral, o ato deve ser também salientado em seu aspecto concreto, sendo considerado a sua realização a partir do querer livre ou a obediência a alguém.
A responsabilidade moral se direciona a um caráter consciente e a causa de seus atos deve estar nele próprio e não em outra pessoa, ou seja, a sua vontade não deve ser contrariada. O estado de ignorância, ou seja, o ato de desconhecer algo pode direcionar a crença e opiniões para o viver e o agir no mundo enquanto às pessoas acreditarem, assim permanecendo ou conservando como eficazes ou inúteis.
A ação ignorante é isenta da responsabilidade moral, pois, se é ignorante a sua ação não é culpado pela mesma. Mas nem sempre a ignorância justifica a condição de responsabilidade moral, pois há necessidade de provar que não é responsável por sua ignorância. A coação é outro fator que isenta a responsabilidade moral, sendo que se o individuo é forçado, ou seja, sofre uma condição externa, para fazer uma ação ou ser impedido de fazer algo.
A pessoa não exercendo o controle de seus atos, mas não são moralmente responsáveis, pois a coação interna é tão forte que não podem resistir, pois, não exercem controle sobre suas ações (por exemplo, os cleptomaníacos, os neuróticos), nesses casos se encontram pessoas doentes que não conseguem se controlar.
A liberdade é uma condição para a responsabilidade moral, pois, a escolha livre prova o comportamento e a ação. Temos de um lado o avanço tecnológico e o progresso cientifico em confronto pelo outro lado com a miséria, a exclusão social, o consumismo alienado, o esgotamento de reservas naturais, essa é a dinâmica do ter e não a do ser é a servidão ao capitalismo, as relações humanas mudaram os valores, a lógica imediatista e individualista corrompe o homem, portanto, como encontrar a ética? E a responsabilidade em meio à loucura do lucro?
A questão da bioética nasce da preocupação na ética médica e biológica. Temos a tecnologia avançada baseada no processo de qualidade de vida, destaca-se a clonagem (seja reprodutiva ou a terapêutica), o projeto genoma, o direito a vida, o suicídio, a eutanásia, a pena de morte, o aborto, a AIDS, a ecologia. Essas são problemáticas que devem ser repensadas, pois, o homem caça o próprio homem, negando o ser humano e a sua dignidade, visando o não negar tanto pela religião, ciência ou tecnologia, pois a bioética é a ética da vida.
A qualidade de vida não se fundamenta no conjunto isolado de resultados, a viabilização do processo tecnológico influencia na exclusão, promove o jogo de interesses, os avanços são inegáveis, mas o homem, ainda é homem, um ser social, que estabelece relações, se reproduz, possui biodiversidade, individualidade, cada homem é único. Portanto, clonar, matar, violentar, destruir as reservas naturais, serão ações humanas? Diante de tantas informações e tecnologias o homem se desumaniza? Esquece que a vida é um direito de todos? As melhorias são muito importantes, mas o homem não pode perder a sua identidade, e nem a sua cidadania. A ética funciona como um mediador dessas relações, portanto, viabilizam a humanização, o respeito, os questionamentos do homem e de sua vida.
As ações filantrópicas e assistências, sem fins lucrativos, têm como público alvo os setores mais carentes, são grandes exemplos a LBA, a Cruz Vermelha. Programas como o Comunidade Solidária e atualmente o Fome Zero, são assistencialistas, em primeiro momento atende o caráter imediato, necessidades emergências, mas não executam ação cidadã.
Só a questão da fome gerou várias campanhas, uma que teve grande repercussão foi a Ação Contra a Fome, com a presença do sociólogo Betinho. Ela foi uma articulação que mobilizou a população em massa através da mídia e artistas famosos. Essa campanha emergencial teve como instrumento a doação de alimentos, geração de emprego e a reconstrução do Brasil.
Essas ações oriundas do terceiro setor mostram a ausência do Estado e a participação da sociedade na base da construção para uma nova sociedade perante as responsabilidades frente à questão social. Essa ação mostra o descaso do Estado frente às políticas públicas, a lentidão burocrática, os desvios de verbas, superfaturamento, apadrinhamento, são aspectos que levam as descrenças na eficácia estatal e inicia a valorização da sociedade.
Onde fica a moral, melhor, o que será a moral, e o ético? Que conceitos são esses? Será que estão perdidos diante do mundo capitalista? E as relações entre os homens? Será que o homem perdeu sua humanidade?

Referências:
BARROCO, Maria Lúcia Silva. Ética e serviço social: fundamentos ontológicos. São Paulo, Cortez, 2001.
GOHN, Maria da Glória. Os sem terra, ONGs e cidadania: a sociedade civil brasileira na era da globalização. 2 ed. São Paulo: Cortez, 2000.

Por: Elaine Cristina dos Santos Rosa

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