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Guaíra, São Paulo, Brazil
Assistente Social com pós graduação em Intervenção Familiar com crianças e adolescentes e Enfrentamento a violência contra crianças e adolescentes. Experiência em conselhos de direitos e de assistência social. Atividades profissionais com atuação em família, acolhimento familiar e violência doméstica. De Janeiro/2011 a abril/2012 atuação com convênios, monitoramento e avaliação de Projetos/Programas/Serviços da Assistência Social. De maio/2012 a dezembro/2012 diretora de Assistência Social do Município de Guaíra.

terça-feira, 9 de agosto de 2011

AS METAMORFOSES E OS SENTIDOS DO TRABALHO

Entre a década de 80 o mundo do trabalho sofreu muitas mudanças e transformações, que invadiram a relação de produção de capital e trabalho, como o salto tecnológico, a automoção, a robótica, a microeletrônica, o controle de qualidade, a gestão participativa, a flexibilização, a produção em massa, a linha de montagem, e a mobilidade geográfica. Cresceu o trabalho informal, o sindicalismo voltou-se para o emprego vitalício e a qualidade – produtividade.
O taylorismo (que é o controle do tempo e do movimento) e o fordismo (a produção em série) foram substituídos pelo toyotismo, que produzia o necessário, fazendo o melhor tempo. A produção é por demanda, variada e diversificada para suprir o consumo. Esse modelo se baseava no supermercado, que repõem os produtos nas prateleiras, depois da venda. Há um jogo entre individualidades-tempo-qualidade, havendo uma flexibilização, onde um operário opera várias máquinas, portanto, uma polivalência, trabalhadores multifuncionais – o trabalho é executado em equipe.
No taylorismo e no fordismo a produção é em massa, seriada, e os produtos são homogêneos, o trabalho é cronometrado, cada um faz a sua parte e na produção parcelada, um depende do outro, portanto existe aumento da alienação no trabalho, o operário é “um gorila amestrado, forte e dócil”, ou seja, preparado para a execução de sua função[1].
As metamorfoses do mundo do trabalho mostram a expansão do trabalho assalariado, o crescimento do desemprego estrutural, do trabalho informal, do trabalho precário, do assalariamento no setor de serviços, a incorporação do trabalho feminino, enquanto os jovens e os mais velhos são excluídos do mundo do trabalho, provocando uma fragmentação da classe operária. O trabalho fabril sofre a desproletarização, diminuição de trabalhadores centrais, e geração cada vez maior de trabalhadores temporários que são facilmente demitidos sem custos. O homem e a sua força de trabalho são descartáveis? Nesse processo a intelectualização e o trabalho qualificado aumentam.
Todos esses aspectos invadem a forma de ser da “classe trabalhadora”, e através da sindicalização visam a redução da jornada de trabalho para a queda do desemprego estrutural. Para a ação do sindicato deve acontecer um envolvimento que fortaleça a integração, visando à solidariedade da classe trabalhadora. Mas como superar a exclusão, as taxas de dessindicalização e a fragmentação, como superar?
A crise do trabalho mostra muitos indicadores de transformações, dialogando a criação da mercadoria pelo trabalho vivo mais o morto, o seu papel como categoria central, a luta daqueles que vivem de seu trabalho, a lógica capitalista, massacrante e individualista, são os pólos contraditórios da selvageria capitalista.
As transformações estão na individualização, nas relações de trabalho e nas contradições do mundo do trabalho. Os setores mais qualificados e intelectualizados estão envolvidos pela lógica capitalista. A superação depende da articulação da classe trabalhadora, aquela que sobrevive de seu trabalho. O capital se reproduz, porém “danifica” o desenvolvimento das capacidades humanas – a individualidade cheia de sentido, povoando-os com a exclusão social, o desemprego estrutural, a eliminação de vários profissionais devido ao avanço tecnológico. Essas são expressões das barreiras sociais, o que não acrescenta a emancipação do ser social, do cidadão que trabalha, que luta por sua sobrevivência e para prover a de sua família. O consumo é uma necessidade do ter, mas nessa perspectiva ao trabalhador o que resta é sobreviver.
Com a globalização o mundo capitalista mostra as particularidades e as singularidades das lutas entre as classes sociais. O que resta ao homem – trabalhador – sonhador – consumidor? Como sonhar se não há o que comer? Como ser cidadão no meio da exclusão? Como ter direitos garantidos, se não há perspectivas? Como alimentar os filhos se não há trabalho? Como ter mão de obra qualificada se não há oportunidades? Onde estão os direitos?
Segundo Antunes, a realidade e as transformações mostram estatisticamente que entre dez jovens que concluem o ensino superior apenas três conseguem emprego. Esse é um fato constante entre as mutações do mundo capitalista (“Lei das Selvas”) nas ultimas quatro décadas. E quais são as chances para aqueles que não conseguem concluir o ensino fundamental?
A lei é aumentar os lucros, enxugar o trabalho vivo, reorganizar a gestão, aumentar a produção com o menor número de trabalhadores. A empresa é enxuta e flexível, os funcionários são terceirizados.
Esse contexto dá ao homem a perda de sua dignidade, a desumanização diante de tantas metamorfoses. O que é uma sociedade de sentidos de trabalho? Essa resposta só virá com a humanidade, com a sensibilização do mundo.
Essa relação se estabelece entre opressão e libertação, a opressão e a riqueza, a alienação e a servidão, fortalecendo a linha da miséria e da pobreza, sendo dominado pelo mercado informal, pelo neoliberalismo, pela globalização, pelo excesso de mão de obra, pela desqualificação profissional, pelo avanço tecnológico, pelo enfraquecimento dos sindicatos, pelos desmanches de direitos trabalhistas, pelo desemprego e pelo terceiro setor e pela forte ausência do Estado. E como melhorar as condições de vida, para que sejam aceitáveis aos trabalhadores[2]?
É obvio que se ocorre a escassez do trabalho vivo, finda também o salário, porque não há necessidade de pagá-lo. E quem irá trabalhar? As maquinas? O lucro é concentrado em quem tem os meios de produção e sua margem lucrativa será maior. Mas qual será a utilidade da categoria trabalho?

Referência:

ANTUNES, Ricardo. Adeus ao trabalho? Ensaio sobre as metamorfoses e centralidade do mundo do trabalho. 9ª ed. São Paulo: Cortez; Campinas, SP: Editora da Universidade Estadual de Campinas, 2003.
[1] 40ª Semana de Serviço Social da Universidade de Ribeirão Preto-UNAERP: As metamorfoses e os sentidos do trabalho , Ricardo Antunes (23/05/2002)

[2] 40ª Semana de Serviço Social Universidade de Ribeirão Preto-UNAERP: As metamorfoses e os sentidos do trabalho – Ricardo Antunes (23/05/2002)

por Elaine Cristina dos Santos Rosa

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